Eu estava na varanda de casa, de madrugada, falando com algo que não tinha forma definida, quando, de repente, do nada...
Isso é um sonho.
Fiquei parada por um instante, então, como em todos os sonhos lúcidos, pensei "O que posso fazer agora?"
Resolvi tentar flutuar, porque costuma ser o mais fácil e rápido.
Na mesa, havia uma almofada de natal. Aproximei o rosto e senti a textura do tecido. Amassei com as mãos, encostei a cara, absorvendo cada sensação. Foi aí que pensei:
"Que incrível… nosso cérebro guarda as sensações e consegue reproduzir tudo depois."
Em seguida, flutuei para perto do fogão comecei a cantar hinos da minha igreja, no entanto, minha voz estava estranha. Rouca e fraca, quase não queria sair. Como se aquele som pertencesse aos dois mundos ao mesmo tempo.
Fiz tanta força pra cantar que um pensamento atravessou minha cabeça:
"Será que eu tô tentando falar na vida real também? O meu marido vai se assustar."
Tentei seguir para o corredor escuro, mas não consegui. Era como se algo me segurasse ali. Fiquei flutuando perto do fogão, olhando de novo para a mesa, quando uma curiosidade surgiu:
E se eu tentar criar algo divino? Um anjo, talvez.
Nossa… esse é o sonho lúcido que eu fiquei mais tempo. Que legal que não tá acabando.
Depois disso, a memória se dissolve.

Nenhum comentário:
Postar um comentário