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quinta-feira, 6 de junho de 2024

por entre muita ansiedade e muitas xícaras de café


Tudo mudou tanto desde a última vez que postei nesse blog. Não devo dizer que me sinto surpreendida, pois em 27 anos de vida sinto como se tudo ao redor sempre se mostrou ser um grande redemoinho de mudanças e inconstâncias (algumas boas e outras que me custaram alguns traumas e tremedeiras). 

Talvez pudesse escrever essa postagem depois, em um momento mais tranquilo, mas a realidade é que nos últimos anos (principalmente nesses últimos meses) me sinto tão cansada que os "volto depois" tem se mostrado serem vazios e ausências da minha parte.

A vida tem se mostrado inquieta tanto no lado de fora como no lado de dentro já fazem muitos anos, e por tantas vezes senti que não me reconhecia mais. Por muitas vezes me questionei onde eu fui parar, onde me perdi no caminho e o que deixei pra trás. A realidade é que bem sei onde parte de mim ficou, e superar o luto de mim mesma não tem sido fácil.


Já tem muito tempo que tenho vontade de voltar a postar por aqui, mas sinceramente nos últimos anos tem sido difícil encontrar um tempo livre onde posso me dedicar por completo a coisas que gosto e me sinto feliz. Em alguns momentos, parece que só havia espaço pra obrigações e demandas do dia a dia. Todavia, as coisas tem aos poucos me mostrado calmaria. Meu bebê tão dependente de mim fez 2 anos em Fevereiro (é, eu tive um bebê) e agora já permite que eu faça uma coisa ali e outra acolá enquanto consegue se distrair sozinho. Lembro-me do puerpério e dos "terríveis" 1 ano (como chamo, pois apesar de se referirem assim a fase de 2 anos, foi na fase de 1 ano que eu adquiri uns 3 cabelos brancos e muito mais sensibilidade sensorial).

Recebi o diagnostico de autismo no fim do ano passado e desde então tem sido uma jornada que flutuou por entre o choque, a reflexão profunda de uma infância muito solitária, dor pela minha criança negligênciada, medo da reação de amigos e família pelo diagnóstico tardio, e pensamentos de como posso seguir a partir de agora. Sendo bem sincera, tirou-me um peso das costas tão gigantesco que em alguns momentos só sei chorar e gritar internamente. Como ser ouvida? Como ser respeitada enquanto individuo que precisa de suporte em meio a sociedade? Tudo tem estado no meio de uma transição muito profunda, mas que levo com cuidado e paciência.

Em meio a dor, as cicatrizes, as memórias incessantes, os pesadelos noturnos que visitam-me constantemente, tento me refazer com cacos que sobraram daquilo que já fui e com pedaços novos que estou aprendendo a encontrar pelo caminho.




Me mudei pra Portugal em Outubro de 2022 e apesar de muitas experiências enrriquecedoras, nunca imaginei ser possível serntir tanta falta de casa. Me faz falta desde o canto do bem-te-vi até o risole de pizza + suco de maracujá com leite que me esbaldava no trailer próximo ao meu antigo trabalho (aqui só encontro risole de bacalhau). Apesar da saudade que rasga o peito, sei que sentirei muita falta das memórias que vivi aqui quando essa jornada chegar no seu fim. Os bondinhos amarelos, sumol de laranja, pastéis de nata... 



Em alguns momentos pude sentir como se houvesse uma pedra muito pesada em meu coração que me levava constantemente para baixo. Oscilei entre crises de ansiedade terríveis e muita falta de ar e semanas deprimidas onde me resguardava em uma pequena nuvem cinza e fosca. De um mês pra cá pude sentir essa nuvem se desvanecendo, e aos poucos me permiti colocar o rosto pra fora e sentir um pouco de sol.


⁛ coisas boas que me aconteceram nos últimos meses ⁛

  • Consegui costurar algumas roupinhas do meu filhinho e fazer ajustes. Eu sempre quis aprender a costurar, bordar, fazer crochê, tricô e biscuit. Sou muito apaixonada por arte no geral mas nos últimos anos tenho sentido um bloqueio enorme pra começar a realizar alguma atividade que leva tempo, concentração e silêncio. A fase de até 2 anos de um bebê é muito complicado, meus amigos.
  • Me reaproximei de amigas do antigo the fairy garden society (infelizmente havia alguns anos que não conseguia mais conversar com tanta frequência com ninguém) e nunca me senti tão amada como nos últimos meses. Minhas amadas Deb, Nina, Mika, Brie (que não era do TFGS mas conheço a bastante tempo) e a Pri. Conheci também novas amigas, minhas queridas Hay e Gabi ♡
  • Comprei um abajurzinho de madeira com luz aconchegante pra colocar na minha mesa e me inspirar a ter mais momentos produtivos fazendo coisas que me fazem feliz e havia deixado de lado.
  • Aprendi a ressignicar momentos difíceis e começar aos poucos a cicatrizar o meu coração.
  • Descobri o autismo e com ele se abriu um leque de respostas pra tantas dores internas e físicas e puderam me dar uma direção de pra onde ir e onde buscar ajuda.
  • Conheci a área de QA (testador de software) pela minha Deb e me apaixonei pela área. Tenho estudado e tem me dado uma boa perspectiva depois de me sentir tão perdida.
  • Ganhei um notebook da minha amiga Mika após o meu quebrar e sinceramente não imaginava poder ser amada dessa forma por quem se permitiu me amar mesmo de tão distante.
  • Apesar de ainda não ter uma câmera profissional, atualmente estou com um celular (agora a voz coça pra falar telemóvel, desculpem) com a câmera muito boa no qual tenho conseguido tirar fotos muito bonitas.




Ainda tenho muito pra falar e mostrar, mas por enquanto me despeço. 
E dessa vez, prometo que voltarei, muitas e muitas mais vezes...

13 comentários:

  1. Minha amiga querida <3

    Foram tantas mudanças e reviravoltas desde a última vez, né? Me sinto grata e honrada de estar podendo fazer parte (ainda que a distância) dos seus dias e conquistas (me emocionei de ter sido mencionada). Estarei sempre torcendo genuínamente por você!

    PS1: No aguardo sobre os posts de backrooms.
    PS2: FALOU TUDO LINDA

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    1. Sou e sempore serei sua fã número 1 ૮₍˶ᵔ ᵕ ᵔ˶ ₎ა♡

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  2. Minha doce Fernanda.
    Fico tão grata por ter te conhecido em um momento frágil da minha vida e ter me ajudado mesmo estando tão fraca emocionalmente.
    Suas palavras são lindas🤍🫂

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    1. Querida Hay, suas palavras sempre tão doces e gentis! Obrigada pelo carinho ♡

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  3. Pandinha linda do meu coração! Sou sua fã desde que te conheço e tenho muita gratidão por poder te acompanhar em sua jornada cheia de aventuras!

    Amo seus registros fotográficos e a forma que você escreve é um bálsamo compartilhado. Nunca pare! 🤎

    Te aguardo com uma sopinha de beterraba aqui no Brasil. Te amo!

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    1. Ô minha abelhinha ૮₍˃̵֊ ˂̵ ₎ა

      Muito obrigada pelo seu amor gentil!

      Ai amiga, só você pra me fazer comer beterraba dkshkdj te amo ♡

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    2. Ô minha abelhinha ૮₍˃̵֊ ˂̵ ₎ა

      Muito obrigada pelo seu amor gentil!

      Ai amiga, só você pra me fazer comer beterraba dkshkdj te amo ♡

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  4. Oi Panda, mas já vi que seu nome é Fernanda. Agradeço por sua gentil visita em meu cantinho rosa e te convido a voltar lá sempre que quiser. Achei seu cantinho aqui tão fofinho, adorei! Desde as imagens, a forma que você escreve, os gifs cutes...
    Vi que está voltando ao blog depois de um tempo, tomara que você continue por aqui. Um abraço! ฅʕ•̫͡•ʔฅ

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    1. Oiii Ane! ♡

      Seu cantinho é um abraço no coração! Muito obrigada pelo carinho ♡

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  5. Que saudades de você e do seu blog, Nanda querida <3

    Eu entendo bem como um diagnóstico pode nos trazer choque de início, porém o sentimento ruim vai embora depois e nuvens se clareiam em nossa mente, por termos finalmente resposta para tantas perguntas que nós faziam mentalmente sobre nós mesmos.

    Me identifico com você sobre esses sentimentos de ansiedade, de me sentir também deprimida, e o luto daquela pessoa que fomos algum dia e foi embora, é um processo, mas li uma frase esse dia que tem me ajudado em momentos assim, é basicamente sobre tentarmos pensar em algo bom, positivo, mesmo que pequeno, sempre quando pensamentos e sentimentos desagradáveis estiverem em nossa mente, isso funciona, é um exercício, mas pratique e veja como o peso se torna mais suportável, como que, aos poucos, o sentimento ruim é esquecido...

    Florzinha, espero que daqui pela frente você tenha dias melhores, se apoie na escrita, pois ela nos ajuda a externalizar o que nos incomoda, compartilhe quando sentir no seu coração a vontade, pois me sinto muito feliz por saber que não estou só sentindo tudo isso, fases vem e vão, pensamentos também, saiba que estou aqui caso você precise, guardei sempre com muito carinho a lembrança do seu blog e de sua escrita, e de seus registros ^u^

    Abraços,
    Bia

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    1. Bia!!!

      Acredita que você foi um dos principais incentivos pra eu voltar a postar no blog? Quando vi que você ainda postava fiquei muito feliz e me animou muito mais.

      Obrigada pelas suas dicas de como se sentir melhor ♡

      Muito obrigada pelas palavras gentis, abraços ♡♡♡

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  6. Fico feliz por encontrar um espaço com tanto aconchego e realidade. Mesmo que por vezes a gente tenha dificuldade de encontrar tranquilidade entre os problemas da vida, ainda é possível transpor e encontrar uma calmaria que permite que vejamos o quanto crescemos, o quanto mudamos e o quanto somos capazes de mais. Amei seus registros fotográficos, amei ver que aos 27 (que farei muito em breve) é caótico, instável e tá tudo bem. E acima de tudo meu apelo, por favor, seja resistência ao telemóvel xD

    Garota do 330

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  7. Oiii Vaneza ૮ ˶ᵔ ᵕ ᵔ˶ ა

    Seu blog é muito muito legal!

    Como é bom ver alguém falando sobre literatura hoje em dia. Me dá muita inspiração pra voltar a ler com frequência ♡

    Ao telemóvel resistiremos!!!!!!!

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